Bolivia: imagen del país, confianza y factibilidad – Willi Noack – 7.4.2006

Bolivia: imagen del país, confianza y factibilidad

Willi Noack

El influyente matutino O ESTADO DE S. PAULO publicó en su edición del 31 de marzo tres artículos extensos, “Ameacas a Petrobrás”,“Bolivia agora fala em ‘cordialidade’” y “A Petrobrás, enfim, reage”, que nos conciernen porque reflejan la realidad tal como es percibida por los brasileños en cuanto al tema “relación Bolivia con Brasil” o “Evo y Lula” y que distan bastante de la percepción que se tiene en Bolivia. El tema ejemplifica la calidad cuestionable y el dudoso profesionalismo de la actual política exterior boliviana, en un caso concreto que probablemente no sea una excepción.

Es necesario aclarar aquí que con esta nota deseo esclarecer algo sobre la imagen de la nueva administración del Presidente Morales en el Brasil. No es mi propósito entrar en la temática de la situación contractual entre Bolivia y Brasil. Se nos sugiere una imagen altamente favorable que a la luz del día no brilla tanto. La imagen política de Bolivia es el reflejo de sus actuaciones en el teatro diplomático internacional y, además, de su política concreta que se va implementando. Mucha gente da buenas notas al actor Presidente con sus discursos, su carisma, su chompa y el bonus por su descendencia, entre otros. Su aparición reciente en Belo Horizonte, durante la reunión del BID, confirma esta afirmación, aunque solamente anunciara en esa ocasión la pronta presentación del Plan de Gobierno, el que se desconoce todavía. Recién cuando el público nacional e internacional conozca este Plan sobre la verdadera refundación de Bolivia se podrá decir si el show mediático es congruente con las políticas concretas y planificadas.

La palabra clave es confianza. Confianza en el respeto por reglas de juego establecidas voluntariamente. El inversionista nacional e internacional precisa tener la seguridad de que su capital invertido no corre riesgos, que la renta calculada no se mitiga, que la disposición legal sobre el destino de la renta no sea cambiada. Existiendo esta confianza, la inversión directa (privada) extranjera – IDE – a ser captada puede ser gigantesca, como lo prueba el caso de Chile. Caso contrario, la IDE nacional y claramente la internacional, opta por países que sí dan estas garantías. Bolivia, con su ínfima tasa de ahorro interno, depende de la inversión extranjera para no ser eternamente un mendigo sentado sobre un trono de oro; recordemos el caso del litio.

¿Es suficiente un exitoso show mediático para generar esta confianza, para crear una imagen del país favorable? La respuesta es un contundente no. Las políticas concretas la definen. Peor aún, el asunto de la relación Bolivia – Brasil no se restringe a una relación binacional, pues la misma es estudiada por toda la comunidad internacional que saca sus propias conclusiones. En el fondo se juega la imagen de un país confiable o de un país dependiente que en nombre de una –inexistente- soberanía rompe convenios, olvidándose de su dependencia. El discurso populista resulta simpático entre personas que pretenden hacer política utilizando sentimientos múltiples, pero no el raciocinio económico. El resultado será un experimento que por falta de viabilidad perjudicará al país, como lo hemos sufrido durante la UDP.

Brasil depende actualmente del suministro del gas boliviano, por lo tanto, debe seguir negociando a riña dientes, pero tratará, como otros posibles compradores, de independizarse de un vendedor que se aprovecha de su (corta) coyuntura ventajosa y que no merece la confianza en cuanto al cumplimiento de convenios.

www.eforobolivia.org: aquí se encuentran los tres artículos citados

www.riberalta-bolivia.com

Los artículos de O ESTADO DE S. PAULO

CELSO MING

mrng@estado coni.br

Ameaças á Petrobrás

Se os ataques vêm de um ministro, é de ministro que se esperam respostas

O novo governo boli­viano chefiado pelo presidente Evo Mo­rales está ameaçan­do os interesses do Brasil e da Petrobrás. E, no en­tanto, o governo Lula permane­ce agachado e mudo, incapaz até mesmo de comunicar ao go­verno boliviano por o­nde pas­sam os interesses do País.

O ministro de Hidrocarbone­tos da Bolivia, Andrés Solíz, não se contenta em acusar a Petro­brás de neocolonialismo e de ex­plorar seus funcionários na BoIí­via. Afirma que o setor do petró­leo será nacionalizado e que as empresas que operam na área, a começar pela Petrobrás, se­rão relegadas à condição de me­ras prestadoras de serviço.

Os investimentos da Petro­brás na Bolivia são de US$ 1,5 bilhão, uma fração diante dopa­trimônio liquido apresentado no ultimo balanço, deUS$ 36bilhôes. Em todo o caso, se a deci­são do governo boliviano for mesmo estatizar seu setor dope­tróleo, será precisover como es­ses investimentos serão indeni­zados. O problema mais impor­tante não é o patrimônio da Pe­trobrás, mas a ameaça ao fornecimento fututo de gás ao Brasil.

Hoje, o gás boliviano concor­re com 26 milhões a 27 milhões de metros cúbicos diários, para o consumó brasileiro de cerca de 40 milhões de metros cúbi­cos. O contrato prevê forneci­mento desse gás até 2019. Como a Bolívia não tem a quem vender esse gás, a lógica sugere que, com algumas mudanças, as re­gras do jogo sejam respeitadas.

Dentro de apenas quatro anos, o consumo brasileiro salta­rá 150%, para 100 milhões de me­tros cúbicos diários, como reco­nhece o presidente da Petro­brás, José Sérgio Gabrielli. Até lá, a Petrobrás não conseguirá extrair das jazidas nacionais mais do que 20 milhões de me­tros cúbicos diários. Se tudo der certo, os novos campos de gás da Bacia de Santos só começa­rão a produzir a partir de 2012 e, ainda assim, não fornecerão mais do que 30 milhões de me­tros cúbicos diários.

Isso significa que o Brasil es­tá estreitamente dependente dos suprimentos bolivianos, a menos que trate de reduzir drasticamente o consumo, até agora largamente incentivado. Se for para aumentar o suprimento boliviano, será preciso

investir imediatamente. A Bolívia não dispõe desses recursos.

A esta altura não se pode dizer que os bolivianos se limitarão a reivindicar um reajuste nos preços, hoje de US$ 3,23 por milhão de Unidades Térmicas
Britânicas (BTU), porque as autoiidades da área falam em nacionalização do setor e emtransformação das empresas que lá operam à condição de apenas prestadoras de serviços.

Gabrieliisequeixáde que, oficialmente, o governo boliviano não disse o que pretende nem apresentou uma proposta, nem à Petrobrás nem ao governo brasileiro. Prefere desferir setas de zarabatana contra a Petrobrás por meio da imprensa. Em entrevista o­ntem divulgada, Gabrielli contra-atacou com apossibilidade de suspender os investimentos e de abandonar a Bolivia: “Não queremos ser uma presta­dora de serviços.”

Do ponto de vista do interes­se público do Brasil, a questão mais grave é a de que o governo Lula não está dando o devido res­paldo a Gabrielli. Se os ataques bolivianos provêm de um minis­tro de Estado, é de um ministro brasileiro de Estado que se espe­ram respostas: No entanto, o go­verno Lula não está acionando para isso nem mesmo o minis­tro de Minas e Energia, Silas Rondeau. Prefere manter a ca­ra limpa, com o mesmo sorriso de quando derramava elogios aos arroubos nacionalistas do novo governo de La Paz.

Enfim, o governo Lula vem tratando o governo Evo Mora-les com muito nheco-nheco e banda de música. Levou o secre­tário especial, Marco Aurélio Garcia,e o ltamaratya derrama­rem louvações ao grande líder do povo indígena, o primeiro a assumir a chefia de um Estado nacional. E agora, quando têm de lembrar aos bolivianos que contratos têm de ser respeita­dos, éscala Gabrielli, um sub-do­sub na escala hierárquica den­tro do governo brasileiro, para apresentar a cara para bater.

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GUERRA DO GAS

Bolivia agora fala em ’cordialidade’

Depois de criticar ‘política imperialista’ da Petrobrás, ministro dos Hidrocarbonetos recua e defende negociaçã

Evo Morales quer elevar o preço até do gás já pago e ainda não utlilzado

NicoIa Pamplona

ENVIADO ESPECIAL

LA PAZ

O ministro dos Hidrocarbone­tos da Bolívia, Andrés Solíz-Ra­da, pediu o­ntem mais “cordiali­dade” nas conversas entre a Pe­trobrás e o governo local. Em uni momento em que os ânimos se acirram, Soliz-Rada chamou; a imprensa para, na opinião de observadores bolivianos, avi­sara direção da estatal brasileira que o governo Evo Morales não pretende ceder a pressões.

“Somos a melhor opção para o Brasil em matéria de gás natural porque sempre poderemos praticar preços menores que qualquer lugar de o­nde eles ve­nham a importar”, afrmou o mi­nistro, lembrando que 50% do gás çonsumido no Pais é produ­zido na Bolívia.

Um dia ante, o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrieui, de­monstrou insatisfação com as negociações com os bolivianos e afirmou que não aceitaria deci­sões unilaterais. “Eu peço que as negociações transcorram em uni clima de cordialidade”, rebateu Soliz-Rada, ele mesmo um dos responsáveis pela dete­rioração das relações entre as partes. Na semana passada, ele disse que iria endurecer com a Petrobrás e chamou a polftica da estatal de imperialista.

O ministro negou que as nego­ciações com a Petrobrás tenham sido suspensas, conforme declarou Gabrielli. Segundo ele, há reuniões rotineiras comitês gestores, formados por representantes de ambas partes. Mas essa informação foi confirmada pelo presidente da Petrobrás Bolívia, José Fernando de Freitas. Segundo Solíz-Rada, a prioridade momento é rever o contra atual de fornecimento de gás Brasil, que vence em 2019.

Um dos ternas em debate preço do combustível impor do pelo País. O contrato prevé uma revisão periódica de preços, que não foi feita pelo gove no anterior. O governo Evo Morales decidiu reabrir as discussões para aumentar os valores. O ministro não quis informar qual seria o preço ideal, mas calcula que os atuais US$ 3,40 por milhão de pés cúbicos está be abaixo dos US$7 por milhão de pés cúbicós que constam dos es­tudos para importação de gás natural liquefeito pelo Chile, por exemplo.

Outro ponto divergente éunia diferença de US$ 450 mi­ihões entre o que a Petrobrás quer pagar por gás não utiliza­do, nos primeiros anos de con­trato e o que o governo bolivia­no, por meio da estatal YPFB, deseja receber.

Nos primeiros anos de opera­ções, o Gasoduto Bolivia-Brasil (Gasbol) operou com volumes abaixo dos contratados por fal­ta de mercado. Segundo uma cláusula do contrato, a Petro­brás precisa pagar todo o gás contratado, mesmo que não o use, podendo recuperar os volu­mes pagos no fim do contrato.

“Mas o Brasil quer reaver es­sés volumes pelos preços ante­riores e nós, pelo preço atual”, disse Soliz-Rada. “O gás está pa­go, elevar os preços agora não faz sentido”, reclama Freitas.

PANOS QUENTES

O senador boliviano Andrés Guzman Heredia, da aliança conservadora Poder Democrá­tico e Social (Podemos), que participou, o­ntem, em Belo Ho­rizonte, de reunião do Banco In­teramericano de Desenvolvi­mento (BID), achaque Soliz-Ra­da foi mal interpretado pela Pe­trobrás e radicalizou o discurso apenas para alertar o governo brasileiro da necessidade dere­visão do preço do gás.

“Hoje, o Brasil paga entre US$ 3 e US$ 3,50 por um mi­lhão de pés cúbicos, enquanto a média de preço mundial é de US$ 8. E o que se deseja é evitar que a riqueza deixe a Bolivia sem retornar em divisas para programas sociais que são emergentes”.

Guzman, no entanto, reco­nhece que a Petrobrás é o maior investidor externo daquele país mais de US$ 1,5 bilhão – e diz que, certamente, o diálogo será restabelecido na busca de um acordo que possa atender às duas partes”.

Colaborou CAR­LOS FRANCO

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Sexta-feira, 31 março de 2006

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A Petrobrás, enfim, reage

Demorou, mas o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, reagiu aos planos que o governo da Bolívia começa a desenhar para o setor de gás e petróleo e que são prejudiciais aos interesses brasileiros. As afinidades entre os presidentes Evo Morales e Luiz Inácio Lula da Silva, como já se começa a verificar, limitam-se às origens sociais e ao populismo que ambos praticam no governo. O fraterno relacionamento que anunciavam há meses está dando lugar à comprovação da antiga máxima: os países não têm amizades, têm interesses. Disso só não se convence o presidente Lula, apesar das duras lições que já lhe foram aplicadas pelo coronel Hugo Chávez, que ocupou o lugar de liderança regional reivindicado por ele; pela China, que na qualidade de “parceira estratégica” foi reconhecida como economia de mercado e nem por isso deixou de contrariar os interesses comerciais do Brasil; pelos países africanos, que receberam tratamento especial e, no entanto, comprometeram as aspirações do Itamaraty a um lugar permanente no Conselho de Segurança, etc.

Enquanto julgou conveniente, o presidente Evo Morales garantiu que o Brasil receberia tratamento preferencial e diferenciado no processo de renegociação de contratos de concessão das jazidas de gás e petróleo e de comercialização dos produtos. Na ocasião, éramos “hermanos y solidários”.

Pois as coisas mudaram. Agora somos imperialistas, que sempre trataram a Bolívia como uma “semicolônia”, e as negociações com a Petrobrás, quando forem reiniciadas, serão “duras”, nelas podendo acontecer “as piores coisas que se pode imaginar”. E quem antecipa o tom das negociações é ninguém menos que o ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz.

O Itamaraty viu nas declarações do ministro boliviano uma simples manobra para criar “um clima favorável” para as negociações com a Petrobrás. E deixou claro que o governo não estava preocupado com o processo de nacionalização dos recursos naturais da Bolívia. Demorou uma semana para que o presidente da Petrobrás desse uma resposta à altura ao ministro boliviano: os investimentos da empresa na Bolívia dependem do reinício das negociações e naquele país a Petrobrás é uma produtora de gás, não aceitando o papel de mera prestadora de serviços.

Há muito em jogo para o Brasil, na Bolívia. A Petrobrás já investiu lá o equivalente a US$ 1,5 bilhão e tem planos para novos e substanciais investimentos – suspensos quando foi aprovada a Lei de Hidrocarbonetos e se anunciou a intenção de desapropriar três refinarias da empresa. Mais importante é o fato de que, com o funcionamento do Gasoduto Bolívia-Brasil, o gás passou a ser parte essencial da matriz energética brasileira. Tão importante que se negociava a expansão do fornecimento, de 30 milhões de m3 por dia para 68 milhões de m3.

E será justamente por aí que começará a ofensiva boliviana. Segundo o ministro Andrés Soliz, “todos (os brasileiros e os argentinos) são maravilhosamente amigos, até mexermos nos bolsos deles e dizermos que têm de pagar mais”. Pelo contrato em vigor até 2019, o Brasil recebe uma cota de gás por U$S 3,23 o milhão de BTU e a Argentina a US$ 3,18. Mas Soliz quer renegociar o contrato porque entende que a remuneração equivale à metade do valor cotado no mercado norte-americano. Se os preços não forem reajustados a contento, não será expandido o fornecimento. E Soliz ainda se permite ser jocoso: “Ah, o Brasil não necessita do gás boliviano, já tem o projeto da Venezuela, que vai vender a preço solidário de US$ 1.”

O ministro Soliz sempre foi contrário ao fornecimento de gás para o Brasil. Consumada a construção do gasoduto, passou a defender a venda da menor quantidade possível do produto, como tática para forçar a instalação de indústrias na Bolívia. Agora, tem duplo objetivo: cobrar do Brasil um “prêmio” pelo valor ecológico do gás e participar dos lucros obtidos na comercialização do produto, o que reduziria a Petrobrás a prestadora de serviços.

Diante da instabilidade crônica da Bolívia e do surto nacional-populista do atual governo,restam, na defesa dos interesses brasileiros, dois caminhos: endurecer o relacionamento com La Paz e colocar em operação, o mais breve possível, as jazidas de gás descobertas na plataforma continental.

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Nota: Este artículo de opinión fue publicado, en una versión abreviada, en El Deber en fecha 9.4.2006.

fecha: 2006-05-08 17:54:08
autor: Willi Noack

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